Comido vivo
Afonso Loureiro
Os mosquitos são uma chatice. Se fosse só pelas gotinhas de sangue que nos sugam, nem incomodariam muito, mas as doenças que transmitem e os bobões que deixam na pele só fazem com que sintamos um prazer sádico ao esborrachá-los depois de os perseguir pelo quarto a meio da madrugada. A pausa súbita no zumbido irritante que nos acordou e a pequena mancha escura na parede significam um sono mais descansado a seguir.
Devido a uma interessante sucessão de acontecimentos, os primeiros meses do ano foram relativamente calmos no que toca a estes sugadores de sangue e paciência. Entre as grandes chuvadas que se abateram sobre Luanda no princípio do ano e limparam as valas e charcos, reduzindo muito o número de larvas de mosquito e as duas semanas em latitudes onde não há essas preocupações, já me tinha esquecido com podem ser incomodativos.
Regresso a Luanda no meio de uma explosão de mosquitos ávidos de sangue, já sem o hábito de ir espreitando pelo canto do olho onde andam os bicharocos. No fim do primeiro dia sentia-me como uma pregadeira de alfinetes. Mas antes que fosse comido vivo, depressa tornei a causar estragos à fauna local.
Está só a descansar
Deixe uma resposta
Nota: Os comentários apenas serão publicados após aprovação. Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados de imediato.