Lixado
Afonso Loureiro
Há uns tempos, depois de umas chuvadas fortes que deram cabo de parte da rua que demorou seis meses a reparar, um camião do lixo e respectiva tripulação de cantoneiros foi surpreendido pelo abatimento súbito do piso. Acabou por ser retirado do buraco com a ajuda de duas máquinas pesadas. Durante algumas horas temeu-se que as avarias fossem graves, mas voltou a circular no dia seguinte apenas com alguns arranhões adicionais na pintura.
Rua abatida
Umas semanas volvidas, eis que me deparo com outro camião de recolha de lixo pouco afortunado. Uma curva mal medida e uma valeta funda resultaram num eixo assente no chão e o serviço parado. A isto é o que se chama ter um dia lixado, passe o trocadilho forçado.
As duas pedrinhas de pré-sinalização
Os cantoneiros abrigaram-se à sombra de uma mangueira frondosa enquanto esperavam por socorro. O camião ficou a trabalhar, talvez porque em Luanda nunca se desligam os motores. O estrago resumiu-se ao ego do condutor e, no dia seguinte, recolheu-se o lixo com normalidade.
Mas, decididamente, carros do lixo e buracos não combinam nada bem.
Realmente é lixado