Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

28  05 2010

Cachoeiras de Bimbe

Os principais rios angolanos sempre foram uma desilusão para os exploradores portugueses que os tencionavam utilizar para atingir o interior do continente. Apesar de todos terem uma foz calma, alguns quilómetros antes dão um salto numas cascatas imponentes, porque o planalto onde nascem não desce suavemente até à costa, o que impede por completo a navegação.

Rio Keve
Rio Keve

O rio Keve, que se serpenteia no planalto central acompanhando a estrada para o Huambo, também tem uma foz calma e promissora, mas ao fim de algumas curvas, o sonho de o percorrer de barco desfaz-se numa parede de água branca.

bimbe2
As Cachoeiras de Bimbe

Apesar de mais modestas, em altura apenas, que as Quedas de Calandula, as Cachoeiras de Bimbe em nada ficam atrás em grandiosidade. O Keve é um rio mais caudaloso que o Lucapa e os vários ressaltos da cascata tornam a água uma espuma branca no meio do verde luxuriante das árvores. A velha ponte lá em cima cria uma noção de escala inexistente nas quedas de Malanje.

Cinco quinas
Marca do Passado

A ponte colonial marca a passagem aberta para as terras altas. Graças a considerações estratégicas dos tempos da guerra civil, em que uma ponte partida é mais fácil de defender que uma ponte intacta, tem hoje menos um arco, mandado pelos ares já não interessa saber por quem.

Ao seu lado foi construída uma ponte nova, mais larga e moderna, para reformar permanentemente a ponte de pedra e o seu periclitante remendo de metal. A ponte antiga, com a sua única faixa de rodagem, seria demasiado estreita para as necessidades actuais, mas não deixo de pensar que uma ponte nova sai muito mais cara do que não estragar a velha.

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

4 respostas a “Cachoeiras de Bimbe”

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  1. Soube que Deus existia nesta igreja da Gabela, cidade em que nasci. Essa fé fortaleceu toda a minha vivência neste
    País de gentes ditas normais. Cá encontrei uma pessoa deixada a sua insignificãncia por ser cardiaco e foi o que aprendi nessa igreja que me vez acreditá-lo, foi meu marido
    durante 20 anos. Hoje 36anos depois de ter deixado Angola tive a sorte de encontrar essa foto deixada por alguém que ao coloca-la neste site, não imaginava que eu ao vê-la, sentiria emoções guardadas a anos de chorar todos os dias por Angola.
    Que Deus o(a) abençoe obrigado(a)

  2. No meu percurso por Angola encontrei memórias que sabia não serem minhas. Procurei partilhá-las com quem as viveram e quem, como eu, só as tinha imaginado. O seu agradecimento faz-me sentir que o Aerograma cumpriu objectivos para lá do proposto.

    Bem haja!

  3. Vivi distante de pessoas onde poderia recordar e partilhar
    saudades trazidas dessas vivências. O meu agradecimento reforça a necessidade de trabalhos como o seu (aerograma)
    serem importantes e precisos para essa partilha de memórias
    que provavelmente não serão só minhas. Recordava todos os dias um pouco da Gabela sem ter o que me ofereceu aqui.
    Neste dia internacional tão marcante, passado 36 anos não poderia ter melhor supresa.
    Bem haja

  4. Bem haja Afonso Loureiro e o seu aerograma,só assim nós podemos recordar aquela terras onde tanto caminhei e de táo boas recordaçõse tenho.Quanto a esta parte de Angola lindissima e que tão bem conheço.

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