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21  07 2010

Lenda da Boca do Inferno de Agua-Izé

A estrada nacional nº2 liga a cidade de São Tomé à aldeia de Porto Alegre. São cerca de sete dezenas de quílómetros repartidos por muitas curvas e um piso em mau estado que fazem da viagem um passeio de quase três horas.

Ao longo do caminho cruzamos algumas povoações com as suas modestas casas de madeira que não descuram pormenores decorativos como balaústres no alpendre ou portadas pintadas. Os edifícios das roças surgem espaçados à medida do tamanho das antigas propriedades. Algumas estão completamente abandonadas, apenas com as sanzalas ocupadas e os restantes edifícios em ruínas.

Uma das maiores roças da ilha, a roça de Agua-Izé, que ainda mantém grande parte das estruturas de pé, tinha até caminho-de-ferro próprio para transportar o cacau da fermentação para os secadores e destes para os armazéns, fica a pouco quilómetros da capital. Muito próximo da sede da roça, na costa, fica um acidente geológico invulgar, a Boca do Inferno.

A Boca do Inferno é um pequeno canal que foi erodido pelo mar numa massa de rocha basáltica originária numa das muitas erupções vulcânicas que formaram a ilha. Devido à sua forma peculiar e à maneira como as ondas são canalizadas num crescendo de espuma ganhou o nome e a fama de sítio perigoso, associado ao demónio.

A lenda que associa este lugar à Roça de Agua-Izé assenta exactamente na maldade, pois dizem que um dos antigos proprietários era tão mau, que quando partia de férias não ia de barco, montava a cavalo e desaparecia pela Boca do Inferno. O seu nome perdeu-se no tempo, mas da fama não escapou.

Boca do Inferno
Boca do Inferno

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Lenda da Boca do Inferno de Agua-Izé”

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  1. Obrigado Afonso.
    Não conhecia a lenda da Boca do Inferno. Já fui algumas vezes a São Tomé e também passei por todos esses lugares que mencionas (Porto Alegre, Água Izé, etc.).
    Achei o troço da estrada para Porto Alegre a partir de São João dos Angolares está bastante razoável.
    Da capital até São João dos Angolares é que não estava grande coisa, mas fazia-se bem em velocidade reduzida.
    Um abraço,
    Luís.

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