Necessidades básicas
Afonso Loureiro
Li, recentemente, um artigo acerca da mudança de prioridades que tem ocorrido nas regiões mais pobres do mundo. A lista de necessidades básicas já não se restringe a comida, água, saneamento e habitação. O telefone móvel tornou-se um elemento essencial da vida de muita gente.
O artigo referia famílias indianas, que viviam sem electricidade ou água em casa, mas que tinham dois ou três telefones, o que mostra que as relações humanas chegam a ser mais importantes que o tido por essencial há alguns anos.
Os telefones celulares, com custos de manutenção das redes ínfimos quando comparados com os tradicionais, tornaram-se omnipresentes. Certos fabricantes lançam modelos exclusivamente para países subdesenvolvidos, muito baratos, com maior autonomia e revestimentos que repelem a poeira.
Este fenómeno não se restringe aos países de terceiro mundo, como alguns poderiam julgar. Até nos países mais desenvolvidos os telefones tomam prioridade sobre outras necessidades. Várias têm sido as vezes em que vejo um pedinte guardar a taça das esmolas por uns instantes para atender uma chamada no telefone que traz no bolso…
Hora do almoço
Pode ganhar a vida a mostrar a miséria ou a exibir as mazelas reais ou fingidas, mas não dispensa o telefone.
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