El reloj de Alcañices
Afonso Loureiro
Para quase todos os portugueses, a povoação leonesa de Alcañices evoca o Tratado que fixou as fronteiras portuguesas, Olivenças à parte, no longínquo séc. XIV.
Muito longe da era de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel, Alcañices é hoje apenas uma pequena cidade de província com um milhar de habitantes que, afastada das principais rotas, perdeu toda a importância política, de tal forma que o seu nome é recordado com maior frequência em Portugal que em Espanha.
Mas nem sempre se recorda as terras pelos acontecimentos dignos de figurar nos livros de História. Esses, na maioria das vezes, são factos que pouca empatia geram. Há locais que nos ficam gravados na memória por coisas mais pequenas, aquelas que temos a certeza não ser importantes para mais ninguém.
Nesta família, Alcañices é mais do que o nome de um tratado medieval, mas esse mais que é resume-se a um velho pacote de açúcar amarelecido pelo tempo. Há três décadas, Alcañices foi ponto de passagem. O relógio da torre avariado fazia parte da identidade da cidade.
Hoje em dia, o relógio continua a marcar uma hora que não a certa, mas já não encontrámos estes pacotes de açúcar.
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