Cataventos
Afonso Loureiro
Quando andava de olho nos céus austrais, reparei que ainda havia muitos cataventos nos telhados angolanos. As igrejas importantes tinham-nos e, perto do porto de Luanda, quase todas as casas ostentavam um na chaminé.
Cataventos há um pouco por todo o Portugal, desde os mais simples, aos mais elaborados. Os edifícios novos dispensam-nos, talvez porque os seus moradores se habituaram demasiado aos confortos modernos e se esqueceram que lá fora há vento que traz dias ensolarados, frio ou chuva, consoante a direcção em que sopra. Ainda os encontramos nas igrejas, edifícios que são, por vezes, o último reduto de tradições em desuso.
Anjo corneteiro
Alguns, depois de muitos anos de serviço contínuo, deixam de funcionar. A ferrugem deixa-os presos a apontar um vento fictício. Com sorte e dedicação, são reparados. Apenas com sorte, são substituídos. Como os ferreiros artistas já desapareceram, são os curiosos que se desenrascam e constroem um novo catavento.
Arte popular
Os temas escolhidos podem ser menos sacros que os originais, mas conseguem dar um cunho pessoal à obra, que a distingue dos produtos feitos em série da nossa civilização.
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