Um eléctrico na serra
Afonso Loureiro
Dos vários meios de transporte público existentes em Lisboa, talvez o mais apropriado ao centro da cidade seja o eléctrico. Adapta-se bem às ruas sinuosas e incomoda muito menos, em termos de ruído e gases de escape, que os autocarros. Devido às mudanças ocorridas no povoamento da cidade, foi dada primazia aos autocarros e metropolitano como transportes públicos. As linhas de eléctrico foram sendo abandonadas e a própria frota morrendo aos poucos.
Sobraram os carros que fazem as últimas cinco linhas e mais uns quantos no Museu da Carris. Os restantes acabaram por ser vendidos a peso para a sucata. A partir daí, perde-se-lhes o rasto. Quase todos terminaram a viagem num alto-forno, onde se transformaram noutras coisas.
Outros escaparam do ferro-velho para ser transformados em bares ou decorações de restaurantes, mantendo apenas a forma exterior. Um deles acabou por se tornar um cartaz de boas-vindas a uma pequena vila nas faldas da Serra da Estrela.
«Maçaínhas saúda-vos. Sejam benvindos»
O eléctrico de Maçaínhas, pintado de amarelo-Carris, está tão deslocado do seu meio natural que nos faz duvidar dos próprios olhos. Será em Maçaínhas que, todos os anos, se juntam os reformados da Carris?
Afonso,a obra de arte está um espectáculo!Gosto imenso!Recordo-me de ver este eléctrico a circular pela última vez.Foi em Alcântara,em1991,fazendo percurso dessa zona ao Arco do Cego,ligado à carreira 19,extinta em Abril desse ano.