Arte mural
Afonso Loureiro
Nos passeios por Lisboa tenho-me cruzado com muitas paredes pintadas. A maioria não é digna de nota. São apenas poluição visual, borrões e cagadelas feitos por quem quer deixar marca, nem que seja para fazer figura de parvo. Mas depois há os verdadeiros artistas, os que demoram mais tempo na obra que o de uma corrida. Alguns pedem autorização para o fazer, outros são de tal maneira bons que ninguém se sente à vontade para os interromper.
Esta última espécie de pintores murais não escolhe os locais ao acaso e duvido que repitam o mesmo gatafunho ao longo de dois quarteirões.
A primeira vez que escrevi sobre o assunto, foi acerca de uma pintura na Azinhaga das Galinheiras, uma zona normalmente associada à degradação urbana e social. Desta vez falo de uma pequena pintura que encontrei num outro bairro lisboeta que se vê cada vez mais abandonado.
Vitral na ruína
Aproveitando a moldura criada por uma janela entaipada, um artista anónimo pintou, entre outras coisas, um vitral. Alfama ficou mais rica, nem que seja porque aquele pátio esquecido ganhou um pouco de cor. As casas devolutas em volta, algumas com perpétuos trapos esfarrapados a secar na janelas, parecem mais vivas e, por uns momentos, julgamos que alguém admira a pintura sempre que assoma à janela.
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