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01 2011

Sinais de trânsito

Quando, na década de 1950, se desenharam os actuais de trânsito, procurou-se que, como uma corrente arquitectónica, as regras fundamentais fossem poucas. Formas e cores separavam as famílias de sinais e o resto da mensagem podia ir sendo adaptada às necessidades. Foi um projecto ambicioso, executado por meia-dúzia de pessoas.

O projecto inglês teve tanto sucesso, que foi copiado por muitos países. E este tipo de sinais de trânsito substituíu, definitivamente, os sinais mais confusos, sem leitura imediata. Nalguns países, como os EUA, a aversão à mudança é grande e, passadas seis décadas, ainda se usam muitos dos sinais antigos, de formas regulares e mensagem apenas escrita.

Uma das regras que se definiu para estes novos sinais era a da intemporalidade. Um sinal deveria ser tão actual ao fim de dez ou vinte anos como no dia em que foi desenhado. Em certa medida, conseguiram-no, embora a liberdade inerente às poucas regras seja influenciada pela época em que o sinal foi pintado. O melhor exemplo são os sinais em que estão representados veículos. Invariavelmente, representam um veículo da época, com as formas e proporções da moda.

Trânsito proibido
Trânsito proibido a automóveis Morris Minor e motociclos Norton

Quem pinta o sinal é incapaz de adivinhar o futuro e tem de se cingir ao que circula nas estradas à época. Se o sinal durar tempo suficiente, provando a qualidade da pintura, é natural que comece a apresentar um aspecto datado.

Talvez por isso, agora se opte por usar os sinais mais genéricos, sem qualquer desenho, e se remeta o resto da mensagem para painéis adicionais, afixados abaixo. É um retrocesso. Os painéis adicionais não têm a leitura imediata do sinal, que foi desenhado para isso mesmo. Textos mais extensos podem ser mal interpretados.

Para além disso, é delicioso encontrar estes sinais mais antigos, ainda pintados à mão, no meio dos novos sinais estampados.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Sinais de trânsito”

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  1. De facto as coisas vão mudando mas outras ficam para sempre e como dizes é “delicioso” encontrar sinais que permanecem indiferentes a tudo e a todos.

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