Mudanças de nome
Afonso Loureiro
Para ficarmos com uma boa ideia da diferença de mentalidades que rege as grandes companhias de serviços de hoje e de há algumas décadas basta ver a maneira como umas usam nomes e imagens descartáveis e as outras ainda têm os nomes gravados em pedra e ferro anos depois de desaparecerem.
Agora há um mercado liberal com prestadores de serviços que usam uma rede comum em regime de time-share, seja ela de gás, electricidade ou de comunicações. É o cúmulo do regime do intermediário, em que alguém produz, outro alguém distribui e muitos outros são retalhistas do mesmo serviço. Com tanta facilidade em entrar e sair do mercado, as marcas não duram e hoje o que distingue um equipamento de uma empresa do de qualquer um dos seus concorrentes pouco mais é do que um autocolante ou, se estiver com vontade de abrir os cordões à bolsa, uma serigrafia pequenina a duas cores num painel. Altera-se a imagem da empresa à vontade do departamento de marketing com um investimento irrisório.
As empresas de outrora, especialmente as que precisaram de construir as infra-estruturas que hoje damos por garantidas, tiveram uma abordagem diferente. Partiram do princípio de que seriam eternas e deixaram a sua marca em quase tudo o que construíram. Quantas caixas da rede telefónica ainda estão identificadas como da Anglo-Portuguese Telephone (APT) ou Telefones de Lisboa e Porto (TLP)? Quantas caixas de coluna «Inviolável – CRGE» existem nos prédios de Lisboa?
Companhias Reunidas de Gás e Electricidade
A maioria destas empresas acabou por mudar de nome, ser repartida em negócios mais pequenos ou especializados, fundir-se com outras ou simplesmente desaparecer. Sobraram os nomes da altura em que se julgava irem durar para sempre.
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