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14  11 2011

Refugiados na Sueca

Sempre que há uma mesa num parque, é quase certo que a dada altura do dia tenha uma pequena multidão de reformados sentados à sua volta. Quase todos usam boina ou boné e muitos deixam as bengalas encostadas a um banco, como num expositor.

Por cima da mesa há também quase sempre um pedaço de cartão. É ele que transforma a mesa de jardim numa mesa de jogo apropriada para a Sueca e Bisca Lambida.

O mais interessante é que a maioria nem é grande fã do jogo de cartas. São forçados a entrar no campeonato de Sueca porque foram postos fora de casa.

Durante toda a vida, só viam a esposa quando chegavam do trabalho. Ela agradecia porque assim podia estar sossegada. Ele agradecia, porque tinha o jantar à espera. Depois da reforma dele, ela continuou a rotina, mas ele, aborrecido até ao tutano, não a deixava em paz.

Depois de muitos «Ó homem, sai-me da frente que me empatas!» ele acaba por refugiar-se no café grande parte do dia, quase imitando o antigo horário de trabalho. Mas até isso acaba por ser aborrecido. Um dos reformados mais experientes convida-o para um jogo se Sueca com os amigos. Sempre ajuda a passar o tempo. E assim começa a sua carreira de jogador de cartas e dominós.

Quem diria que a reforma inactiva cria refugiados políticos?

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Refugiados na Sueca”

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  1. Estou a ver que estás com medinho de ir para o banco do jardim jogar sueca…

  2. Já tremo!

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