Os rios e as balsas
Afonso Loureiro
De um e do outro lado do Atlântico, ainda há muitos rios que se atravessam de balsa. Em zonas remotas não faz grande sentido investir em pontes caras. Uma barcaça puxada a braços ou a motor liga ambas as margens com relativa rapidez.
Em Angola, atravessei várias vezes o Kwanza na jangada da Cabala. Ficava a algumas dezenas de quilómetros de Catete, e ligava a margem direita do rio ao santuário da Muxima. Em 2010 foi substituída por uma ponte milionária ainda mais imponente que a ponte da foz do Kwanza, na estrada para Benguela. A antiga jangada era um pontão flutuante com dois enormes motores de cada lado que impulsionavam outros tantos hélices, manobrados à vez pelos pilotos em igual número. Parecia um número arriscado, porque se se desentendessem, podiam fazer a barcaça andar ao círculos, desgovernada pelo rio abaixo.
Travessia do Kwanza
No Barreirinhas do Maranhão, para se atravessar o rio Preguiças e aceder ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses ou a qualquer uma das pequenas povoações da margem esquerda junto à foz é necessário atravessar de balsa. O esquema é mais ou menos o mesmo que em Angola. Um pontão flutuante, rampas de acesso enterradas na areia das margens e uma travessia de alguns minutos para cada lado. A principal diferença é que não há motores nesta embarcação. É empurrada de margem para margem por um pequeno barco de madeira, descrevendo uma hipérbole em cada viagem por causa da corrente.
A balsa carregada
É preciso muita perícia para manter a rota, mas experiência é coisa que não falta a estes marinheiros.
O rebocador que empurra
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