Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

24  07 2009

Era uma vez uma Travessa

Consta que existiu, em tempos remotos, uma pequena rua no centro de Luanda a que se dava o nome de Travessa da Mutamba. Dizem que foi palco de alegrias e tristezas, com negócios e famílias que mudaram ao longo dos tempos. Hoje parecem ser apenas boatos.

Um dia, contam, veio uma máquina de rastos vermelha e as paredes do lado ocidental foram sendo derrubadas. É certo que as ruas não são só paredes num determinado lugar. Quem faz as ruas são as pessoas que as usam. Mas sem paredes, não há pessoas e sem elas, as ruas desaparecem e transformam-se apenas no lugar.

Os montes de entulho e lixo ficaram a marcar o sítio dos edifícios. O quarteirão oriental manteve-se de pé, incluíndo o edifício onde, no tempo colonial, o Governador vinha comer peixe grelhado.

Edifícios derrubados na Travessa da Mutamba
Prelúdio

Afinal de contas, houve apenas um compasso de espera cruel, como que dando esperança de que a demolição se ficasse por ali. Ilusão, como sempre. Já devíamos saber que a Memória de Luandense não é obstáculo para o progresso.

A giratória vermelha regressou e o monte de entulho marca o lugar do que foi um pedacinho de Luanda.

Edifícios derrubados na Travessa da Mutamba
O progresso passou por aqui

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Era uma vez uma Travessa”

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  1. Cruzes..nem consigo reconhecer mto bem o local. Mais um pedaço de historia destruido para dar lugar a mais um mamarraxo!?

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