Era uma vez uma Travessa
Afonso Loureiro
Consta que existiu, em tempos remotos, uma pequena rua no centro de Luanda a que se dava o nome de Travessa da Mutamba. Dizem que foi palco de alegrias e tristezas, com negócios e famílias que mudaram ao longo dos tempos. Hoje parecem ser apenas boatos.
Um dia, contam, veio uma máquina de rastos vermelha e as paredes do lado ocidental foram sendo derrubadas. É certo que as ruas não são só paredes num determinado lugar. Quem faz as ruas são as pessoas que as usam. Mas sem paredes, não há pessoas e sem elas, as ruas desaparecem e transformam-se apenas no lugar.
Os montes de entulho e lixo ficaram a marcar o sítio dos edifícios. O quarteirão oriental manteve-se de pé, incluíndo o edifício onde, no tempo colonial, o Governador vinha comer peixe grelhado.
Prelúdio
Afinal de contas, houve apenas um compasso de espera cruel, como que dando esperança de que a demolição se ficasse por ali. Ilusão, como sempre. Já devíamos saber que a Memória de Luandense não é obstáculo para o progresso.
A giratória vermelha regressou e o monte de entulho marca o lugar do que foi um pedacinho de Luanda.
O progresso passou por aqui
Cruzes..nem consigo reconhecer mto bem o local. Mais um pedaço de historia destruido para dar lugar a mais um mamarraxo!?