As praias de Luanda
Afonso Loureiro
Sempre preferi o campo à praia, pelo que não é de estranhar que tenha sido preciso quase uma ano em Angola para visitar as praias mais famosas em redor de Luanda.
As primeiras incursões à praia foram tímidas. Um pulinho ao km 55 para ver as ondas espancar a areia enquanto molhava os pés, uma escapadinha rápida à Barra do Dande, para experimentar as águas mornas e escuras da baía. A praia da Ilha do Cabo não, obrigado. Só de pensar no destino dos esgotos de Luanda, fico com arrepios.
O que banha a Ilha de Luanda
Entretanto, dei um pulinho ao famoso Mussulo. Sinceramente, para frequentar bares com ar condicionado e ver mansões com piscina,a viagem não vale a pena; mais vale ir à Ilha. O Mussulo das histórias já não existe. Não digo que lá não volte, mas não será uma das minhas prioridades.
A viagem de barco até é engraçada, mas muito cara.
O próximo destino lógico era Cabo Ledo. Fora da Provincia de Luanda, a meio caminho de Porto Amboím, é a praia mais distante da cidade. Logo à primeira visita se tornou a minha praia favorita.
Uma baía abrigada, de águas quentes e limpídas, com tudo o que poderia fazer parte dos postais ilustrados, incluíndo a areia branca, é a melhor descrição que posso fazer de Cabo Ledo. Como disse, até nem sou muito de praia, mas aqui eram capazes de me convencer a gostar.
Postal ilustrado
Em termos de paisagem, estou muito mais ligado à imponência agreste da Costa Vicentina ou das pequenas praias perto do Cabo da Roca. Mas aí vou por causa das rochas e dos passeios, não por causa da água onde apetece ficar o dia todo ou do restaurante simpático onde comemos o que os pescadores acabaram de trazer.
Quem conhece Cabo Ledo só teme que se transforme noutro Mussulo desordenado, em que as estâncias vedadas e os casarões milionários destroem tudo aquilo que motivou a sua construção.
O Afonso acertou na “mouche”!
Pelas fotos que tirou, Cabo Ledo já está ameaçado. 🙁
Fantástico! Quando conheci o Mussulo (1973) era um deserto paradisíaco. Ali apenas havia uma pequena tasca e pouco mais, perto de onde atracavam os botes que lá nos levavam. No outro lado apenas mar e cocos.
De facto, é de perder o apetite! mesmo que se goste de praia, o que não parece ser o seu caso.
Tenho algumas fotografias desse tempo. Quer que lhe mande alguma? Só para ver.
A infeliz realidade é que seja lá onde for o Homem apodera-se da Natureza e põe e dispõe a seu belo prazer. O resultado é aflitivo para quem a admira em bruto. Eu já vou preparada para levar alguns choques de reencontros com espaços e paisagens de vivências passadas, não só pelo que conta e fotografa quem já aí está, como também por tudo o que por aqui e por outros espaços da net vou recolhendo de informação. É certo que o espírito de quem vai para aí não pode nem deve ser saudosista, mas até tremo só de pensar no baque quando voltar ao Mussúlo que foi dos locais mais paradisíacos em que passei fins de semana a fio e de onde guardo as mais belas recordações que de quando em vez ainda saboreio em slides e fotos já amareladas do tempo. Ainda tinha esperanças que a contra costa estivesse mais poupada ao investimento desordenado. Tenho pedido para não me enviarem fotos para ver se ainda embarco com algumas esperanças de poder sorrir ao voltar a pisá-lo quanto mais não seja pela sensação de voltar a deixar pegadas na areia onde pulei e fiz tantos castelinhos de sonhos infantis. Já vi que é melhor largar amarras do cais de emoções! Ora bolas! 🙂
Funchal, 2010/11/01 – Amigo Afonso Loureiro, n tenho o grato prazer de o conhecer, mas agradeço sinceramente o que descreve dessa tão saudosa terra Africana que me enfeitiçou e continua a deixar muita nostalgia. Reconheço contudo, que há descrições, mormente sobre as praias de Luanda e o seu estado de conservação, me deixam nostálgico e envolto em tristeza. Conheci muito bem a ilha de Luanda, porque estive algum tempo no Hospital Militar de Luanda em tratamento da úlcera gástrica contraida ainda no aquartelamento de NeRiquinha. Nesta cidade tinha familiares,proprietários do então denominado estabelecimento de peixe que suponho chamar-se entã “Ribamar” na estrada da Cuca e junto do conhecido estabelecimento ” Gajageira”. Será que ainda funciona amigo Afonso ? Com estes familiares, pude conhecer bem a ilha de Luanda e menos bem a ilha do Mussulo. Se porventura o amigo Afonso tiver oportunidade de dizer algo sobre o referido, gostaria imenso de relembrar um pouco essa estadia nessa bonita e encantadora cidade de Luanda. O meu muito obrigado e se desejar conhecer esta bela ilha da Madeita, terei imenso prazer de ser pessoalmente a faze-lo. Por agora tem o e-mail supra identificado. A todos o meu bom dia com um abraço bem fraterno. Fig Pinto
Caro Figueiredo Pinto,
A zona da Cuca não foi das que mais visitei em Luanda. Não é exactamente um destino turístico. Passei por lá várias vezes a caminho de outros lugares, mas nunca senti o desejo de parar. A cidade dos telhados de chapa cresceu muito e absorveu quase tudo. Não em recordo de ter ouvido os nomes desses estabelecimentos. É provável que já não existam.
Talvez outros leitores do Aerograma, aqueles que ainda estão por Luanda, nos possam esclarecer.
Vim de lá com 8 aninhos sou todo tropical não quero morrer sem visitar a minha terra natal (Nova Lisboa – 1966).
alguem me pode informar aonde se pratica paraquedismo civil em angola mais propiamente em luanda ou arredores
Nos arredores de Luanda não sei se sequer é permitido, por causa das zonas de exclusão aérea devidas ao aeroporto internacional, complexos presidenciais e áreas militares.