A frustração da Baiana
Afonso Loureiro
A relação que as pessoas têm com a internet ainda está por explicar. A diversidade de contextos culturais, académicos e sociais cria uma mistura tão heterogénea que dificulta muito o estabelecimento de padrões de uso.
A evolução da tecnologia tem vindo a permitir que cada vez mais pessoas acedam à informação disponível sem a necessidade de conhecimentos técnicos especiais. A internet tornou-se mais um electrodoméstico, uma televisão com um comando à distância mais complicado.
Talvez porque o acesso já não está limitado apenas aos que dominam as ferramentas, há cada vez mais gente que tem uma relação com a internet semelhante à que tem com a televisão. As pesquisas facilitadas foram o catalizador desta explosão de utilizadores inexperientes. Infelizmente, encaram-na como uma fonte de informação perfeitamente credível e, muitas vezes, são incapazes de filtrar a verdade da invenção ou a informação da desinformação.
A prova disso tenho-a quando analiso como chegam os visitantes ao Aerograma. As frases mais curiosas mereceram mesmo um lugar de destaque noutro lugar.
Como quem pede a pesquisa é uma pessoa e quem a executa é uma máquina, há sempre diferenças entre o que era realmente pretendido e o resultado devolvido. Geralmente, para solucionar esta ambiguidade, são devolvidos milhares de resultados aproximados, para que o utilizador faça a selecção final.
Recentemente, uma baiana de São Salvador da Baía ficou frustrada por não encontrar a informação que desejava acerca de ritos de passagem africanos. Numa das muitas voltas que deve ter dado, veio dar a um artigo acerca da Cabala do Kwanza que fala de ritos de passagem em África, mas não os que a senhora queria.
Descarregou a frustração na caixa dos comentários…
Misera desgraça vcs nunca tem o que eu quero seus lesados filhos da putha…e raparigeira ….. rele
Fico a pensar se se daria ao trabalho de comentar a agradecer se tivesse encontrado o que procurava. Espero que sim!
Só mesmo o aerograma (ou afrograma para alguns) para me fazer gargalhar em alto e bom som. Isto seria tão mais natural não estivesse eu literalmente sozinho nas antigas “terras do fim do mundo” ou terras do progresso como agora lhe chamam.
Um abraço desde o Kuando Kubando, onde se vai apanhando um rasgo de net no meio de tanta frustração por não se conseguir aceder à aldeia global… descarregasse as minhas frustrações como a senhora da Baia e veriam como frustra um alentejano.
Um abraço amigo Afonso
Hugo Rebelo
http://coresemtonsdecinza.blogspot.com