Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

01 2010

Parece um aeroporto

A primeira experiência que tive de Luanda foi a antiga sala de controlo de passaportes do aeroporto 4 de Fevereiro. Ainda muito desorientado, aquela sala com tectos falsos a cair, muita confusão e demasiada burocracia não me deixou muito entusiasmado com o que encontraria lá fora.

Entretanto, as obras começaram e o terminal de chegadas internacionais foi mudado para a outra ponta do aeroporto. Mesmo provisório, tinha melhores condições que o antigo. As partidas internacionais foram transferidas para tendas montadas na placa e, da mesma forma que as chegadas, as condições melhoraram muito nas instalações provisórias.

Desta feita quase estreei a nova sala de desembarque internacional, inaugurado dias antes da minha chegada, de propósito para o CAN. Agora sim, Luanda tem um aeroporto com as letras todas. O controlo de imigração tem mais funcionários, é mais rápido e até as malas chegam depressa. A melhor surpresa que tive foram os carrinhos de bagagem, estranhamente ausentes nas anteriores encarnações do aeroporto que conheci.

É certo que ainda há uns pormenores a limar, como instalar travões ou um lancil mais alto que impeça os carrinhos de bagagem de deslizar pelo passeio inclinado até se atirarem para cima dos carros estacionados ou distribuir os questionários de saúde no avião ou à entrada do aeroporto em vez de ter cada passageiro a perguntar ao seguinte onde é que conseguiu desencantar o seu. Por falar em questionários de saúde, seria interessante que os números de emergência médica que são indicados no fim da folha fossem entregues aos passageiros, em vez de ficarem no controlo de passaportes.

Há uma sala de espera para quem vem buscar viajantes e cá fora já não se assiste ao triste espectáculo dos abutres carregadores que se atiravam às malas dos passageiros e só as largavam a troco de kwanzas, dólares, euros ou ameaça de polícia.

Na verdade, Luanda vista da porta do terminal de chegadas internacionais até parece arrumada e limpa.

As ruas esburacadas e a miséria continuam lá, nas mesmas esquinas, mas o viajante entra na cidade com outro ânimo. Em volta do aeroporto todas as fachadas estão pintadas, à conta de visitas importantes como o Papa e a Secretária de Estado Norte-Americana. As avenidas que ligam o aerporto à cidade estão também todas arranjadas e sinalizadas.

Ano e meio depois, a primeira impressão que se tem da cidade é muito diferente. Espero que as melhorias não se fiquem apenas por aqui.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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