Promessas eleitorais
Afonso Loureiro
Chegámos a São Tomé numa semana movimentada. A campanha eleitoral entrava na fase final e coincidia com as comemorações dos 35 anos da independência. Havia música nas ruas, tocada a partir de palcos com rodas que, durante o resto do tempo, transportam fruta, tijolos e gente pela ilha. Havia ajuntamentos de pessoas todas vestidas com as cores do partido, geralmente garridas t-shirts ofertadas minutos antes por algum dos candidatos que aproveitou também por patrocinar umas quantas grades de cerveja, nacional ou importada.
Cada partido promete fazer mais, dar melhores condições de vida, fazer diferente do que se fez anteriormente, entre outros blá-blás. Enfim, descobrimos que as promessas eleitorais são iguais em todo o mundo.
Como em todas as campanhas eleitorais, os partidos oferecem brindes que façam os votantes lembrar-se deles na altura de preencher o boletim de voto. Por cá, estamos habituados aos bonés e porta-chaves, mas em São Tomé, as ofertas não se ficam por aqui.
Em vez de prometer fazer depois das eleições, investem nalgumas mordomias para os habitantes dos bairros onde fazem campanha. Nas zonas mais remotas, no meio das sanzalas das roças há muito abandonadas, instalam iluminação pública a energia solar, onde já há electricidade, constroem uma pequena estrutura com televisor onde montam uma parabólica para que se possa ver a novela e a bola e, noutros sítios, inauguram chafarizes (mesmo que ainda não haja água).
Televisor patrocinado pelo partido em campanha
Mas não se julgue que este fenómeno é exclusivo de São Tomé. Em Valongo, no Concelho de Avis, está a prova de que no cantinho à beira-mar plantado também se fizeram chafarizes com patrocínio partidário.
Chafariz eleitoral
É certo que data dos tempos da monarquia, mas o espírito é o mesmo.
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