Abstenção
Afonso Loureiro
Em Setembro de 2008 assisti, com expectativa e um pouco de apreensão, às segundas eleições legislativas angolanas. A ocasião histórica, de eleições em tempo de paz, justificava a expectativa e a apreensão surge naturalmente assim que recordamos o epílogo da primeira volta das eleições de 1992.
A melhor memória que guardo destas eleições foi a extraordinária afluência às urnas que, nalguns casos chegou aos 105%, mas isso é ponto de partida para outras histórias. O certo é que, nos dias seguintes, toda a gente mostrava, orgulhosamente, o indicador direito pintado de preto, sinal inequívoco de que haviam votado. Alguns, muito poucos, respondiam com vergonha e olhos postos no chão, desejando que a tinta desaparecesse depressa dos dedos dos vizinhos e escondesse a sua falta.
Na altura conversei com muita gente, e o assunto eram sempre as eleições. Ninguém acreditava que a abstenção pudesse ser tão alta em Portugal. Se havia a possibilidade de eleger governos e representantes, como se podia abdicar desse direito para ir à praia ou ficar a ver televisão?
A infeliz verdade é que por cá se elege um Presidente com cerca de 25% dos votos porque metade dos eleitores achou que estava demasiado frio para votar, ou que o filme de Domingo à tarde era imperdível. Boas notícias, apenas a surpreendente votação nos candidatos independentes. Parece que os portugueses estão fartos de ver as mesmas caras no poleiro.
O voto é um direito nem sempre exercido
Apesar de tudo, para o papel quase decorativo que um Presidente da República desempenha, se calhar um Rei não era nada mal pensado, nem que fosse porque um Presidente da República reformado continua a pesar aos cofres do Estado com salário e segurança – neste momento temos quatro (Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva). Um Rei, em princípio, quando se reforma custa apenas um funeral de Estado.
O contraste de povos de dois países que foram um e como as mentalidades dos portugueses de cá é tão diferente.
e por cá a abstenção foi de facto enorme, onde houve enorme falhas no cartão do cidadão e este não pode votar mas o povo ainda não aprendeu que a abstenção é pior atitude que podem ter e depois queixam-se!
Sabes o que eu acho? o voto deveria ser obrigatório como o é noutros países e ai de quem não justifique a falta. Mas como cá a fiscalização é ZERO a porcaria seria a mesma.
Parabéns pelo post!