Barajas, Bruxelas ou Munique, venha o Diabo e escolha
Afonso Loureiro
Que os aeroportos estão cada vez mais iguais, ninguém duvida, mas que se tornem tão iguais que não consigamos distinguir o de partida do de chegada sem ter de olhar para as placas, começa a fazer-nos pensar se vale a pena viajar.
Ao chegar a Bruxelas, a manga de desembarque levou-me directamente da caixa climatizada a que chamam avião para um terminal igualmente climatizado. Não que prefira descer por uma escada e entrar no terminal de autocarro, mas já nem se tem o prazer de provar o ar do novo país sem ser na praça de táxis, onde cheira sempre a escape.
Se a manga parece ser um dos estreitos túneis do metropolitano de Londres, o terminal é um longo corredor envidraçado com uma estrutura metálica a fazer de telhado e tecto, quatro tapetes rolantes ao meio e a cada lado, alternadamente, grupos de cadeiras iguais às de todos os aeroportos, e blocos técnicos, casas-de-banhos e lojas de preços inflacionados.
Por uns momentos cheguei a duvidar de que estaria no aeroporto certo. A disposição do terminal era exactamente a mesma do de Munique. Só faltava a publicidade a automóveis alemães em todos os cantos, mas havia alguns exemplares vistosos dispostos em vários locais estratégicos. Os letreiros usam as mesmas cores e tipos de letra que outros aeroportos da região. As passadeiras rolantes eram as mesmas de Barajas ou de Frankfurt e as lojas, vi iguais na Portela há poucas horas. Os avisos, feitos em várias línguas pareciam ser igualmente roufenhos e incompreensíveis, mas com sotaque diferente.
Na verdade, só quando descobri a loja dos chocolates belgas e confirmei a memória de um corredor que fazia uma curva à esquerda é que tive a certeza de já aqui ter estado, noutra escala igualmente aborrecida. Não tenho grandes esperanças que o de Copenhaga, daqui a mais umas horas, seja diferente.
em desacordo estou numa cidade de um pais que o amigo muito bem conheçe onde no aeroporto os passageiros escolhem onde é o WC, onde vendedores ambulantes vendem lagartas cozidas aos passageiros em transito, portanto não são todos iguais , um abraço.
É bem verdade! Há aeroportos do tipo instantâneo, que se fazem com o pó de uma saqueta e um bocadinho de água, e depois há esses, em que o país se extravasa para a aerogare com cores, cheiros e sons. E, por vezes, até nos paladares do catato ou outras iguarias locais.
Os aeroportos do mundo dito civilizado não têm piada nenhuma.